Quando a democracia ignora o ser das pessoas e a lei moral que as guia, já não pode representar um sinal de esperança para o amanhã. A grande conquista que ela encarna poderá universalizar-se como património de civilização e de humani¬zação, para ser expressão homogénea e comedida da altíssima dignidade das pessoas, da unidade e indivisibilidade dos direitos e dos deveres do homem. Em particular, será real caminho de ascensão e de esperança para os povos ... se souber valorizar a dimensão de transcendência do homem ... O mérito de Lourenço Flaviano Kambalu é o de mostrar como, no pensamento social de Pietro Pavan, um dos maiores pensadores católicos do século passado, protagonista incontestável do magistério social da Igreja, está a indicação de uma ressemantização da democracia, cujo nascimento foi propiciado por aquela mesma cultura moderna que colocou as premissas para a sua velhice precoce. Efetivamente a democracia, nascida assim como um método e um conjunto de regras para se proteger da tirania ( demo proteção) e para a gestão da coisa pública, segundo termos de participação e de liberdade da parte do povo (demopoder), por causa de uma colocação ética de ascendências hobbesianas e iluministas, acaba por ter pés de argila.