Talvez jamais, no curso da história, houve tantas visões diferentes do homem. Ciências, filosofias, ideologias, religiões, todas essas "antropologias diversas" disputam o direito de definir sua identidade. E, hoje, com a emergência do trans-humanismo ou das teorias do gênero, progressos científicos ou técnicos, seu próprio ser aparece ameaçado. Se se crê na fé cristã, no entanto, o homem é bem essa "maravilha de Deus", digno de uma atenção inestimável, à imagem daquela que carrega seu Criador. Qual pode ser, então, o sentido de uma "antropologia" que se apoia nessa fé, justamente? Explicar isso aqui é todo o propósito de Bernard Sesboüé. Essas páginas tratam da relação do homem com Deus, fundada no ato da criação, mas também no dom da graça. Elas evocam a missão do Espírito Santo no homem e no mundo: missão interior e invisível que se articula com a missão visível e exterior completada na história pelo Filho, Verbo encarnado. Essas duas missões não são separáveis: o Cristo age em nós por seu Espírito; o Espírito nos abre do interior ao acolhimento da mensagem do Cristo. Ele faz de nós filhos no Filho para nos conduzir ao Pai. O homem é, assim, ressituado numa visão trinitária.