O «Santo» Padre Cruz, para o olhar institucional, terá brevemente confirmada a sua bem-aventurança, há muito reconhecida pelo Povo de Deus. Não é, porém, desses trâmites que trata este pequeno livro. É da mais elementar justiça que se traga a público esta interventiva e simbólica figura humana que conviveu, entre nós, em período bem turbulento para a vida dos eclesiásticos, nos alvores da República. À revelia dos atropelos de natureza ideológica e política a que esteve sujeito, ele impôs a sua ação e presença em quadros de dramatismo humano extremo, sem acautelar a sua própria integridade, mas apenas movido pela inquietação de ajudar na necessidade alheia. Sem olhar a distâncias e aos incómodos de fatigantes deslocações, fez-se presente em antros de miséria (humana e moral), na cabeceira dos acometidos de pestilência e dor, e na visita a presidiários, como também em longas horas atrás das grades dos confessionários, a todos distribuindo esperança, conforto e auxílio, espiritual e material. Para que a memória prevaleça e se enriqueça, é desse comovente testemunho de vida que tratam estas páginas.