Muitas vezes, falar da caridade pode levar-nos à ilusão de que também a praticamos, que agimos verdadeiramente no sentido daquele amor que o Evangelho nos revela e que Jesus nos dá como mandamento. Hoje, porém, os sinais de barbárie e de perda daquilo que a caridade significa – justiça, solidariedade, compaixão – estão perante os nossos olhos e nós próprios somos os seus protagonistas. Nesta época de indiferença, somos chamados a redescobrir o essencial, a discernir aquilo que, pela fé, é irrenunciável. A releitura das obras de misericórdia, que este livro propõe, encontra por isso uma actualidade renovada. Evocar a tradição das obras de misericórdia significa apreender a caridade como arte do encontro, da relação, como práxis de humanidade, que se sobrepõe aos vários tipos de fé e que pode unir todas as pessoas. É no hoje da história que podemos manifestar a diferença cristã mediante a prática da urgente caridade.